Semanas atrás, numa reunião com um cliente, surgiu a pergunta: qual é o maior erro que as empresas comentem ao entrarem no mundo das mídias sociais? Entramos num debate e montamos uma lista de possíveis erros que as empresas normalmente cometem, mas eu tenho a ousadia de dar a minha opinião pessoal aqui neste post.
O estudo chamado “Mídias sociais nas empresas – O relacionamento online com o mercado”, conduzido pela Deloitte e publicado neste ano, mostrou que é o departamento de Marketing que comanda as iniciativas em mídias sociais em 73% das empresas pesquisadas. Ou seja, a grande maioria das empresas avalia as mídias sociais como um potencial canal de vendas. Eu até acredito que isso seja verdade, mas o grande escorregão ocorre quando as empresas olham o cliente apenas com o viés de consumidor. Aí o problema começa.
As empresas falham pois esquecem que cada indivíduo da sociedade tem múltiplas dimensões, desempenhando papéis diferentes no dia a dia, minuto a minuto. Nas redes sociais estes comportamentos individuais ficam ainda mais evidentes. As pessoas desempenham papéis de consumidor, de contestador, de concorrente, de colaborador, de influenciador, de gerador de ideias, etc, etc, etc.
A maioria das empresas se lança em projetos de mídias sociais para falar com o consumidor, com o objetivo de vendas, e descobre que por trás dele existe uma pessoa multifacetada, que deseja falar com a empresa para reclamar de um serviço, dar uma ideia de um novo produto, se relacionar institucionalmente por ser acionista da empresa, pedir mais informações, etc. É neste momento, tristemente, que as empresas descobrem que as mídias sociais não são apenas um mero canal de vendas e muitas se enrolam para atender essa sociedade que clama por relacionamento e interatividade. Ou seja, na maioria das iniciativas de mídias sociais, as empresas querem falar e esperam que os clientes queiram ouvir, mas na verdade os clientes também querem falar e serem ouvidos. A conclusão é simples: em projetos de mídias sociais todos falam e todos escutam… ao mesmo tempo. O problema é que os departamentos de marketing e comunicação das empresas estão acostumados a só falar. É assim que funciona a publicidade tradicional, o relacionamento com a imprensa através do velho press-release, o marketing direto, etc, etc. As empresas precisam acordar e repensar as suas iniciativas de marketing e comunicação.
Mas o maior erro das empresas nas mídias sociais não é tratar o cliente com a visão única de consumidor. Esse é um erro e tanto, mas eu acho que tem um pior. A maior miopia das empresas é não enxergar as mídias sociais como a mais poderosa ferramenta para transformação e colaboração de sua força de trabalho. Infelizmente, a maioria das empresas ainda olha mais para fora do que para dentro, e não descobre que o real potencial de crescimento de seus negócios está lá dentro, na mente, no coração e na capacidade de seus funcionários. Eles estão doidos para falar, para participar das decisões da empresa e para colaborar, só precisam de uma oportunidade.