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Geração Y: a mais formidável da história da sociedade humana


Dias atrás eu cheguei no meio de uma conversa de amigos baby-boomers sobre gerações no ambiente do trabalho. Era uma conversa descontraída, com pessoas de diversas empresas que já haviam trabalhado juntas no passado e que costumam se encontrar uma vez por ano. Fiquei mais como ouvinte, até para não influenciá-los com meus conceitos que são radicalmente diferentes do que eu ouvi.

Poderia resumir o que captei no seguinte. Os jovens da geração Y são egocêntricos, imediatistas e mais impulsivos dos que os jovens das gerações anteriores. São seres humanos mais individualistas, cultuam a si próprios, sendo quase narcisistas. A forma como se comportam nas redes sociais comprovam tal avaliação. Quando entram no mercado de trabalho eles têm expectativas irreais, são ansiosos e pouco tolerantes. Essa geração deve piorar o mundo ao longo das décadas, pois são pessoas que têm um conceito de sociedade diferente, preferem o contato pela internet do que o contato físico, suas discussões são sempre superficiais e mudam de assunto frequentemente. São jovens que se concentram pouco nas coisas, pois fazem muitas atividades simultaneamente.

Depois a conversa tomou outro rumo, falamos de futebol e outros assuntos mais “importantes” para a geração baby-boomer. Tenho que confessar que saí do papo com o queixo caído. Até concordo com algumas coisas que foram ditas, mas a minha visão é radicalmente diferente da conclusão deles.


Minha avaliação é que a geração Y é a mais formidável da história da sociedade humana. São jovens com a cabeça aberta, mais informados e antenados com o que acontece no mundo, mais flexíveis e curiosos, parecem se divertir sempre e estão muito mais preocupados com o meio-ambiente e sustentabilidade.

São pessoas que não abraçam o radicalismo, que escutam mais e são muito menos preconceituosos do que qualquer geração anterior. São mais investigativos, eles não aceitam as coisas porque “são assim”. É uma geração que cultua a colaboração e o relacionamento, que valoriza a velocidade pois o mundo está aí “para ser curtido”.

Eles não têm tempo a perder. Procuram sempre fazer as coisas de maneira diferente. São empreendedores. Gostam da customização, da personalização, e não curtem a massificação. São capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Adoram tecnologia, porque ela aproxima pessoas e quebra barreiras.

No ambiente de trabalho, os jovens querem trabalhar felizes e buscam oportunidades. Eles são tolerantes quando acham que vale a pena, mas não tem pena de mudar de trabalho se acham que o patrão não vai dar chance a eles. Para a geração Y, trabalho e emprego são coisas diferentes. Para muitos, são eles que “contratam” as empresas, e não o contrário.


Enfim, os jovens estão balançando valores antigos da sociedade e muitos deles realmente já mereciam ser balançados há tempo. Os jovens da geração Y são a melhor notícia que a sociedade humana já teve nos últimos tempos.

Claro que existem problemas. Os jovens vivem “online” demais, o conceito que eles têm de “privacidade” é questionável, parecem estressados com tantos estímulos oriundos da tecnologia que os cerca, “copyright” não é legal para eles e são mais insatisfeitos com a sociedade em geral. Parecem também ser poucos resilientes no trabalho. Sim, sim, são problemas, mas parecem pequenos perto das virtudes dessa nova geração.

Reflita bem o que vou falar: eu sou da geração baby-boomer e, às vezes, me sinto constrangido com o mundo que nós, baby-boomers, estamos deixando para os nossos filhos e netos.

O planeta está mais poluído. Vivemos com problemas críticos nas áreas de segurança, saúde, transporte e educação nas grandes cidades. A sociedade está mais injusta, com desníveis sociais profundos. Crimes e drogas estão nas capas dos jornais e na frente das nossas casas.

A pobreza continua sendo um mal do planeta. As pessoas não acreditam em seus governos e falta espírito público. Corrupção é uma dor constante. O trabalho está mais competitivo. As empresas, em geral, não contratam mais as pessoas para construírem carreiras de longo prazo, tudo é imediato. A competitividade no trabalho é incentivada pela liderança, que coloca pressão na performance e nos resultados como nunca se viu antes. Tudo está mais rápido e imediatista. Muitos trabalhadores se sentem explorados. A nossa sociedade cultua o consumo e o superficial. O Big-Brother dá mais audiência do que qualquer programa cultural.

Tudo isso parece negativo. Talvez, a melhor coisa que trouxemos para o mundo foi o avanço da tecnologia, que hoje está em todas as áreas, trazendo mais conforto, bem-estar e melhorias, principalmente, na saúde, educação, entretenimento e, com certeza, na inclusão social. O melhor exemplo disso é a internet, que tem por trás as redes sociais, que estão mudando o mundo.

Agora pense bem. Veja o mundo que estamos entregando para a geração Y e para os jovens do futuro. Como evitar que as novas gerações sejam mais competitivas, imediatistas e individualistas? Nós, baby-boomers, construímos isso.

Resta a nós, baby-boomers, que hoje lideramos os governos, empresas e sociedade em geral, a singela responsabilidade de sair da frente. De darmos as ferramentas, oportunidades e as condições para que a geração Y cumpra o próprio destino. De deixarmos de ser preconceituosos.

Acredite, eles farão o mundo melhor.

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