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Emoções Tóxicas no Trabalho

Ganhei de uma querida amiga um livro chamado “Emoções Tóxicas no Trabalho”, de Peter J. Frost. O título é muito interessante, mas o conteúdo é muito mais. Eu me achei em diversas partes do livro.


O livro é fascinante pois cobre um tema que as empresas não gostam de falar. Aliás, nós gerentes, convivemos com ela rotineiramente, quase como uma carga individual que carregamos em nossas costas. Estou falando da “dor emocional” no trabalho.

Todos nós, trabalhadores, sofremos com a carga exagerada de trabalho, prazos absurdos, chefes intransigentes e metas impossíveis. Tudo isso num clima de economia instável, alteração de regras empresariais, fusões, terceirizações e toda sorte de mudanças. O conjunto dessa obra é o surgimento de pessoas angustiadas e frustradas no ambiente de trabalho. Desculpe o meu exagero e dramaturgia, mas você, leitor, entende o que eu estou falando. Peter J. Frost chama isso de “a dor emocional inevitável da atual vida corporativa”.

Essa dor emocional, se não tratada adequadamente, transforma-se em emoções tóxicas, ou seja, em atitudes prejudiciais e não curativas que as pessoas têm ante as dificuldades enfrentadas no trabalho. Se este clima negativo for crescente, o ambiente de trabalho torna-se nocivo, drenando a vitalidade, motivação e energia das pessoas.

Infelizmente, na maioria das empresas, existe uma forte ética corporativa de não se discutir a dor emocional. Prefere-se fingir que ela não existe. Ou, as vezes, até é dito que ela existe, mas não é importante, o que faz com que o assunto não apareça na lista das prioridades das empresas.

Quase sempre esta dor emocional, não reconhecida pelas empresas, cai no colo dos chamados “manipuladores de toxinas”, termo usado pelo autor para designar aquelas pessoas, gerentes e profissionais, que ajudam a aliviar o sofrimento dos colegas, fazendo com que estes se concentrem no trabalho. Estou falando daquelas pessoas que os colegas procuram para desabafar, para pedir conselhos e compartilhar aquelas ideias que não gostam de falar abertamente. Muitas vezes, esses “manipuladores de toxinas” não têm consciência do que fazem, na maioria dos casos agem por instinto e por convicções pessoais e emocionais, já que as empresas não endereçam o problema.

Existem empresas que parecem panelas de pressão. Estou falando daquelas onde o clima interno de trabalho não é saudável, ou daquelas onde os funcionários não se identificam com os valores e ideais corporativos. Nestas empresas, é muito comum encontrar alguns colegas que “seguram a onda”, que sabem ver a parte cheia do copo quase vazio. Parecem evangelistas, sem saberem que são. O pior de tudo é que muitas empresas não conseguem identificar o poder e a importância destes “seguradores de onda”, e acabam dispensando estes trabalhadores tão importantes para a manutenção do clima corporativo.

Uma vez, muito anos atrás, ouvi um colega comentar que fulano era muito bom, gerava resultados incríveis para a empresa, mas por onde passava ele deixava um rastro de sangue atrás. A empresa parecia gostar deste executivo, afinal os seus resultados de curto prazo eram fantásticos, mas era um sujeito difícil e que levava a organização ao estresse extremo. Os resultados eram sempre bons no início, mas com o tempo a situação se invertia. Nestas situações, quase sempre, é que os manipuladores de toxinas aparecem e se destacam. Certamente você, que está lendo este texto agora, entende e deve ter um caso parecido para contar.

Segundo Peter J. Frost, “muitos gerentes não possuem o treinamento sistemático na arte de criar relações produtivas com seu pessoal. Eles foram promovidos ou contratados, muitas vezes, de outras empresas com base em suas habilidades técnicas. Ninguém verifica a competência do gerente para trabalhar com pessoas, ou se o fazem, não dão importância às fracas ou modestas habilidades interpessoais quando comparadas a fortes habilidades de venda ou TI e um recorde de entrega de produtos”. É aí que aparecem muitos dos perfis gerenciais que conhecemos. Tem aquele gerente que gosta de colocar o pessoal “contra a parede” devido a sua falta de aptidão em tomar decisões. Tem aquele outro que exagera no pedido de conselhos e análises antes de qualquer decisão. Existem também os gerentes maníacos por controle e microgerenciamento. Outros querem rever tudo. E assim vai…

Mas sabe o que é pior? É que os “manipuladores de toxinas” também precisam de ajuda. Ele são seres humanos e também sofrem dores emocionais. Infelizmente, em geral, o trabalho de um manipulador não é celebrado ou admirado, talvez nem mesmo pelas pessoas que estão sendo ajudadas, uma vez que esse trabalho muitas vezes ocorre “nos bastidores”. As empresas deveriam identificar e investir fortemente nestas pessoas, que influenciam diretamente na produtividade e no clima organizacional.

Se você se interessa pelo assunto, ou se sente um “manipulador de toxinas”, o livro vale muito a pena. O autor discute os efeitos destas toxinas, apresentando de forma bem prática as ferramentas e técnicas para administrá-las e neutralizá-las.

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