top of page

Como avaliar uma proposta de emprego em apenas 3 passos



Eu estava num evento participando de um painel sobre carreiras e o cara me faz a seguinte pergunta: “Você é capaz de me responder em 1 minuto o que você considera mais importante para se avaliar numa oferta de emprego?”.


Eu olhei para ele e esbocei um sorriso, essa não é uma resposta trivial para ser dada em apenas 60 segundos, afinal são muitos elementos a serem considerados, mas fui a luta para tentar simplificar o meu ponto de vista.


Uma proposta de emprego pode ser analisada sob 3 dimensões: remuneração total, oportunidade de desenvolvimento e ambiente organizacional.

Apresento abaixo a minha resposta, acho que pode ser útil para algumas pessoas, pelo menos é uma forma de tentar estruturar o pensamento.


Obviamente que aqui não me preocupei com o tempo e pude elaborar bem melhor o meu ponto de vista. Ao se deparar com uma possível proposta de emprego, eu considero três pontos importantes e básicos para uma decisão.


REMUNERAÇÃO TOTAL


Salvo se você tem um expertise muito único e pode pedir um salário surreal, o correto aqui é avaliar se o pacote de remuneração é justo e competitivo.


Em um mundo onde as profissões estão mudando e não existe mais o pleno emprego, o importante aqui é você manter a sua liquidez e atratividade como profissional, mantendo-se capturável continuamente por outras empresas ou até por outras áreas dentro da empresa onde trabalha. Isso significa que a sua remuneração tem que valer realmente o quanto você vale.


Já vi situações de colegas que aceitaram ofertas de salário muito altas, aparentemente irreais, fora da média do mercado e que em pouco tempo se tornaram profissionais caros para os seus contratantes. Isso cria uma situação onde quase sempre o lado mais fraco da corda, no caso o profissional, acaba se dando mal. Por outro lado, ir para uma empresa com um salário achatado é o mesmo que ir sentado numa bomba relógio, já que em pouco tempo você estará insatisfeito e inquieto procurando alguma forma de se mexer e sair do aperto.


Enfim, remuneração é uma coisa mais simples do que imaginamos: brigue pelo que você acha que vale e valorize se a empresa oferece benefícios complementares além do salário em si. Não olhe apenas para o salário, mas para o pacote todo.


OPORTUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL


Avalie se a empresa oferece uma oportunidade real de você se desenvolver na sua carreira. Obviamente que você é pago para trabalhar e entregar valor através da sua expertise e capacidades, mas tenha consciência que você precisa trabalhar num lugar que também colabore para o seu desenvolvimento, podendo até oferecer novos caminhos de carreira e oportunidades.


Não olhe apenas se a empresa vai permitir o seu crescimento vertical, ou seja, na sua profissão, mas estude também se essa organização pode oferecer a você alternativas de mudança lateral de carreira, expandir o seu conhecimento, aumentar o seu valor como profissional, dar desafios, levando-o a atuar em outros ramos que podem transforma-lo num profissional melhor, além de municiar você de conhecimento e expertise adicionais. Ou seja, se essa é uma empresa com muitas portas de possibilidades e caminhos, que incentiva e valoriza o desenvolvimento profissional, então pode valer a pena.


AMBIENTE DE TRABALHO E CLIMA ORGANIZACIONAL


Muitas pessoas negligenciam a questão do clima organizacional, mas para mim é super importante. Se você não se incomoda em trabalhar numa empresa onde a gestão por conflito é incentivada, onde um colega enfia o dedo no olho do outro e onde a competitividade interna sanguinária se confunde com meritocracia, então essa dimensão pode não ser relevante para você.


Eu gosto de trabalhar em lugares onde o “bom dia” é genuíno e onde posso compartilhar as minhas prioridades e dificuldades com meu colega de trabalho, sem melindres ou pegadinhas.


Aqui é uma questão se você valoriza o engajamento coletivo e a camaradagem, ou prefere o esforço individual em detrimento do coletivo.


Esse é um tema muito ligado à cultura da empresa, seus valores, que nem pretendo explorar aqui. Considere que você pode passar vários anos nessa organização, portanto veja se essa empresa vai alimentar ou drenar a sua saúde, física e mental. Também é recomendável colher detalhes a respeito do seu possível futuro chefe para entender seu estilo e personalidade, até mesmo seu estilo de gestão, o que pode ser difícil algumas vezes.


Considere que você vai passar a maior parte das suas horas do dia vivendo o clima organizacional da empresa.


Eu entendo que a abordagem acima é simplista para se analisar uma proposta de emprego, até um pouco irresponsável, mas é um bom início.

Obviamente que não existe uma fórmula pois o contexto pode mudar os pesos dessa balança. A seguir, vou dar alguns exemplos bem simples para ilustrar o meu ponto.


Se você é jovem e está no início da carreira, então você deveria estar menos preocupado com a remuneração e mais interessado em entrar numa empresa que permita rápido desenvolvimento profissional e múltiplas experiências, além de oferecer boas alternativas de aceleração de carreira.


Por outro lado, se você estiver perto da aposentadoria e tem uma família para cuidar, o que mais deseja é segurança e uma remuneração mais justa com sua experiência e expertise. Além disso, o ambiente de trabalho também é um ponto importante nessa condições porque você não terá paciência para engolir sapos. Possivelmente você estará menos preocupado em desenvolvimento de carreira porque já tem a sua construída.


Se você está pensando em mudar de carreira, então a remuneração perde prioridade porque você estará disposto a perder um pouquinho para entrar numa nova rota de carreira. Aí a perspectiva de trabalhar numa empresa com muitas possibilidades passa a ser o mais importante.


Já se você trabalha atualmente numa empresa que tem um clima ruim e você não aguenta mais o seu chefe, aí então a sua prioridade é procurar uma empresa com um bom clima organizacional para que você tenha uma nova perspectiva de vida e paz de espírito. Você pode até topar abrir mão de parte do salário para mudar de situação.


Pelo lado da empresa as coisas também podem variar muito. Se for uma empresa global em claro movimento de expansão, aí o peso de desenvolvimento e carreira ganha relevância.


E se for uma startup se lançando num segmento ainda emergente?


Enfim, analisar a organização e o contexto dos negócios onde ela está inserida vai jogar elementos importantes na equação de decisão.


Em resumo, não tem uma fórmula única. Porém vejo as três dimensões acima como as mais importantes, cujo balanço dos pesos depende do seu momento de vida e carreira.


Mas existe algo além das dimensões citadas: PROPÓSITO. Essa poderia ser uma quarta dimensão mas que numa proposta de emprego nem sempre é possível dimensionar, já que provavelmente você conhece pouco da empresa que está desejando contrata-lo.


O propósito é a real motivação da existência da empresa, o que a torna única e diz respeito ao impacto que ela deseja provocar na sociedade. É algo que emerge de dentro da organização, de sua “alma”.


O propósito é um motivo para se orgulhar, que inspira e orienta a organização, é um compromisso compartilhado por todos os funcionários.


As vezes é algo que você não leva em conta na hora de mudar de emprego e entrar numa nova organização, mas ao longo do tempo essa questão do propósito vai ficando cada vez mais crucial, até chegar aquela hora que você faz a pergunta para você mesmo: “O que estou fazendo aqui? Vale a pena continuar? Vale a pena me esforçar tanto por essa empresa?


Se você me perguntar o que é mais importante para mim, eu tenho uma resposta.


Fiz uma análise da minha vida profissional. Mudei de emprego oito vezes.


Em duas oportunidades eu saí para buscar um clima organizacional melhor porque eu não estava feliz onde trabalhava. Em três oportunidades eu mudei de emprego aceitando receber uma remuneração menor, porém eu via no meu próximo empregador um lugar que me daria melhores perspectivas de carreira e desenvolvimento, além de um ambiente de trabalho mais saudável.


Em nenhuma das situações de troca de emprego eu considerei uma maior remuneração como o principal motivador.


Em resumo, oportunidades de desenvolvimento e clima organizacional são mais importantes para mim. E você?


Assine o blog

Obrigado(a)!

bottom of page