Já escrevi num post passado que eu adoro podcasts.
Aliás, o meu post “Os 10 melhores podcasts do brasil” foi o maior barraco. Um monte de gente disparou mensagens por todos os lados (email, Twitter, Facebook, no blog M&M, etc) me bombardeando dizendo que minha análise era furada. Fui simpático com todos eles esclarecendo que aquela era minha opinião pessoal, que hoje em dia até mudou um pouco pois descobri uns podcasts legais para caramba 🙂
Ao longo dos últimos meses eu continuei consumindo podcasts alucinadamente, sou fã de carteirinha de alguns deles, mas tem um, em especial, que ocupou lugar no meu cotidiano: o podcast do Café Brasil, idealizado e comandado por Luciano Pires. Aliás, o projeto vai muito além dos podcasts, vale navegar pelo Portal Café Brasil inteirinho.
Ao longo dos meus mais de 6 anos do blog, o meu propósito tem sido fazer as pessoas pensarem, refletirem, aprenderem algo diferente e provocar reflexão sobre o ambiente de trabalho e nas relações das empresas com a sociedade. Por isso me identifiquei tanto com o Café Brasil, que nos provoca reflexão por algo muito mais profundo: o nosso papel como cidadão e construtor da sociedade que tanto buscamos.
Se existe algo que posso ajudar você, que chegou até aqui nesse post, separe um tempo para visitar o Café Brasil. Ouça um podcast, escolha um qualquer. O Café Brasil completa 10 anos, o que é uma marca extraordinária para quem produz conteúdo original, quase sempre questionando o que vemos por aí. É aquele barquinho atravessando o oceano.
Ao ouvir o programa 454, eu não resisti e escrevi um texto para Luciano Pires, que reproduzo abaixo. Eu não costumo fazer isso. Eu sempre disparo textos e comentários por aí, mas eu nunca reproduzo tal conteúdo aqui no meu blog, mas este é especial. São 10 anos de reflexão do Café Brasil. Fiz questão de escrever ao Luciano Pires porque o trabalho dele é algo tocante, profundo e que constrói um acervo e legado inestimável.
Enfim, curta o meu texto abaixo e visite o Café Brasil.
Olá, Luciano. Parabéns pelos 10 anos de Café Brasil. Sou fã apaixonado do podcast e de tudo que você fala e publica. Você é meu amigo íntimo, mesmo que não saiba disso. Está comigo nos lugares e horários mais impróprios, sempre cochichando no meu ouvido. Enfim, é uma consciência que me cerca e me alimenta de coisas interessantes. É o Tico… e também o Teco. Você diz coisas que faz a gente pensar. Algumas dessas coisas grudam na nossa cabeça e não saem. Eu não me lembro mais em que episódio, mas teve um episódio que você falou mais ou menos assim: “Eu já andei por todo esse país e eu garanto que o Brasil não é exatamente o que vemos na mídia. O Brasil é bem melhor do que a imprensa mostra para gente”. Certamente você não falou com essas palavras, mas foi assim que a mensagem grudou em mim. Eu lembro que você falou isso quando contou sobre sua experiência no interior da região centro-oeste… e ficou surpreso e encantado com o Brasil que descobriu numa região que, tipicamente, a imprensa insiste em mostrar como atrasada e repleta de más notícias como seca, enchentes, conflitos por terra, exploração de latifundiários, índios explorados, etc. Para coroar o quadro, Brasília fica lá… lá no centro-oeste. Você contou pra gente que descobriu um centro-oeste de progresso, com pessoas preparadas, com tecnologia avançada no trabalho agrícola e uma região encantadora de belezas naturais, com cidades onde as pessoas trabalham dignamente e uma percepção de país muito melhor do que algumas regiões no sul e no sudeste maravilha do nosso país. Quando você disse que a mídia mostra um país diferente da realidade, parece que a minha ficha caiu, as nuvens se abriram, pois é esta a sensação que eu sempre tive. Porém, sempre pensei que a minha percepção era equivocada. Pensei que o meu otimismo e os meus “belos olhos” insistiam em ver a metade cheia do copo, quando o verdadeiro país é o lado vazio do copo, Não, não, é até mais do que isso, é o lado super vazio do copo, meio o “volume morto”, sabe? Fiquei entusiasmado com aquele rasgo de esperança citado por você de que o nosso Brasil pode ser realmente bem melhor do que vemos todos os dias na TV, nas rádios e nos jornais. Um país onde as notícias podem ser diferentes dos assassinatos, corrupção, serviços públicos deploráveis e vergonha. Um país diferente dos nossos lava-jatos rotineiros. Estou pensando nisso desde que você falou aquilo. Toda vez que leio a notícia num jornal ou vejo um noticiário na TV, eu penso exatamente no lado cheio do copo. O que pode estar acontecendo de bom que contra diz o que estou ouvindo e assistindo? Confesso também que a minha paciência com a grande mídia brasileira está se esgotando, e por isso busco novas fontes de informação e aprendizado completamente diferente da máquina de moer cérebros da mídia tradicional. Aliás, esta seria uma forma diferente de cada brasileiro ajudar o país: mude a sua fonte de informação, busque alguém diferente, não ligue mais a TV no automático, cancele a sua assinatura de jornal de décadas e procure ouvir outras pessoas com pontos de vista diversos do seu. Saia da mesmice. Sacuda a sua rotina. É por isso que ouço o Café Brasil e muitas outras fontes alternativas que estão ajudando a abrir a minha cabeça. Seria extraordinário se você pudesse fazer um podcast mostrando o Brasil verdadeiro que não vemos. Não o Brasil do futuro ou o Brasil dos sonhos. Não o Brasil da desgraça do noticiário ou o Brasil da corrupção que o planeta nos enxerga. Mas o país verdadeiro. Aquele país que desconhecemos. Aquele país que está além da esquina da rua onde moramos. Falar sobre o brasileiro verdadeiro. Falar sobre o que acontece por todo esse Brasil gigantesco. O que sabemos fazer… o que fazemos bem, além do samba, da floresta e do futebol, que nem somos mais tão bons assim. Não estou falando de mostrar apenas um Brasil progressista… mas um Brasil realista. Como estamos e quem somos nós quando botamos a cabeça para fora do nosso balde? Como nos comparamos a Índia, China e Rússia? Compartilha com a gente a sua visão de país, o que funciona e o que não funciona. Como cada brasileiro pode ver o lado cheio do copo e como podemos encher cada vez mais esse copo? Mesma que seja com uma gotinha por dia. Eu sei, eu sei.. você vem fazendo isso ao longo de todos esses anos… nos 10 anos do Café Brasil. Você cutuca o nosso cérebro o tempo todo, mas conte para nós a sua visão do Brasil de hoje. Como a imprensa poderia ser realmente contribuidora para tornar o Brasil um país diferente e melhor? Temos um país de proporções continentais. Segundo estudos, 15% da água doce do mundo está localizada no Brasil, nos rios e em grandes aquíferos que temos sob nossos pés. Temos 22% da terra arável do mundo, mas apenas 17% está sendo explorada. Comparando com o mundo, estamos entre os maiores produtores de grãos, carne, aves, café, chocolate, bebidas, minérios, aço, veículos, produtos de higiene, computadores, smartphones, etc. Eu poderia ficar aqui listando um monte de coisas. Nós somos o 13o. país em volume de produção científica no mundo. Somos o 4o. país na produção de energia através de fontes renováveis. O Brasil lidera o ranking mundial de uso de biomassa na produção de energia. O nosso povo é pacífico, ordeiro, gosta de trabalhar, é criativo, alegre e ousado. Sabemos lidar com o improviso como ninguém. E, talvez, isto possa ser mais um problema do que realmente uma virtude, pois sempre nos sentimos seguros para ligar com o improviso. “Não faz mal, a gente vai lá e resolve”. Fala a verdade. É este o país que vemos nos noticiários todos os dias? Tem alguma coisa errada na equação. Por que não damos certo como país? Ou estamos dando certo e ninguém sabe? Fico por aqui com este meu devaneio e na expectativa que você compre o desafio e conte pra gente o verdadeiro Brasil que nós não vemos. Abraços para você, e os brasileiríssimos Ciça e Lalá. Obrigado pela gotinha que ajuda a encher o copo todos os dias. Ahhhhh… o programa que mais gostei nos últimos 10 anos foram 3…
O 436 – The Dark Side of the Moon que foi uma… porrada 🙂 A obra-prima 275 – Bohemian Rapsody, que é unanimidade… e o 450, do Tico e do Teco. Desde então, sempre quando tenho que tomar uma decisão, eu coloco os dois para conversarem… Abraços brasileiros. Mauro Segura