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A (falta de) resiliência da Geração Y

Texto publicado no Foco em Gerações que reproduzo abaixo.

Seis meses atrás eu escrevi um texto sobre a resiliência da geração Y, mas não publiquei, acabei deixando-o na gaveta virtual, como rascunho. Na verdade, eu não estava seguro se aquilo era apenas uma percepção pessoal, o que me deixou intrigado se deveria ou não publicar.

No dia 14/4, no blog Foco em Gerações, me deparei com uma excelente análise da Sarah Newton, num post chamado “A geração Y possui a resiliência necessária para causar impacto em sua empresa?“. Li o texto, linha a linha, com o queixo caído. Ela não somente escreveu o que eu havia pensado, mas de forma muito melhor e mais clara. Enfim, eu havia encontrado alguém com a mesma percepção que vinha me perseguindo desde o ano passado.

De todos os desafios enfrentados pela geração Y no trabalho, parece que a resiliência é o mais complicado. Mas vamos entender o que é isso. Segundo o dicionário Aurélio, resiliência é a “propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de tal deformação elástica”.

Saindo da definição aureliana e indo para o popular, resiliência é a capacidade de você apanhar e resistir, independentemente do tamanho da paulada, de onde ela vem e do quanto dure. E então? Alguma similaridade? Lembrou de alguém?

Numa linguagem de recursos humanos das empresas, podemos dizer que resiliência é a capacidade do funcionário de tratar e superar obstáculos, dificuldades e incertezas, por mais fortes e traumáticas que elas sejam.

A geração Y, no ambiente atual de trabalho, parece não ser tão resiliente como as gerações passadas. Parte deste contexto pode ser consequência dos jovens estarem hoje muito mais bem informados, antenados e conscientes de seu potencial e possibilidades do que os jovens do passado.

O mundo interconectado e global, as quebras das barreiras econômicas e culturais, a internet e a maior independência da juventude parecem ajudar muito neste processo.


Outro motivo poderia ser a facilidade de opções de trabalho que hoje se oferece para os trabalhadores mais jovens, o que é bem diferente de décadas passadas. Hoje o mercado de trabalho é global, existem mais opções e variações de carreiras e especializações, a migração de uma carreira para outra é coisa natural, as empresas admiram profissionais polivalentes e dispostos a novos desafios e mudanças, etc,etc, etc. Ou seja, existe um incentivo natural para que os jovens pulem de uma cadeira para a outra. Esse ambiente ajuda a aumentar a impaciência e a ansiedade dos jovens trabalhadores, que ao se depararem com dificuldades e obstáculos, preferem mudar de direção ao invés de perseverar e enfrentar as incertezas. Isso é ruim? Sinceramente eu não sei. Esse cenário faz parte do mundo moderno e não adianta lutarmos contra ele.

A preocupação aparece quando os sinais de impaciência e frustração surgem de modo mais intenso nas relações do dia a dia, ou seja, nas interações rotineiras do ambiente de trabalho, nas relações com os chefes, na lentidão das promoções e progressões de carreiras, etc, etc, etc. É aí que a coisa pega mais. Aí vale a pena ler o post da Sarah Newton porque ela dá dicas de como lidar com isso.

Enfim, quase todos apontam a falta de resiliência da geração Y como um problema que gera impacto negativo nas empresas. Eu não estou certo disso. Só sei que este é um problema de difícil solução, pois as gerações futuras serão ainda mais voláteis em termos de carreira. Com o fim do “emprego para a vida toda” os trabalhadores estão cada vez menos conectados ao ideal do emprego fixo. Ou seja, esta onda está apenas começando. Cabe às empresas saberem lidar com este novo cenário e criarem um novo ambiente de trabalho e desenvolvimento para os jovens trabalhadores.

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